quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Conheça Ananindeua

O paraíso é verde

Ananindeua localiza-se dentro da região metropolitana de Belém. O segundo município do Pará, reserva aos visitantes um número enorme de opções de lazer e turismo. Para os amantes do turismo ecológico, o município conta com 13 ilhas fluviais é uma pequena mostra de toda a fauna e flora amazônica. São várias pequenas comunidades que habitam ilhas constituídas por terrenos de várzea. Os limites de Ananindeua se confundem com os limites de Belém. O acesso se dá pela rodovia BR-316, que corta a cidade no meio. Para quem está na cidade e não tem muito tempo para viajar para os lugares mais distantes, Ananindeua é uma ótima opção de lazer para os dias de julho e para os fins de semana do ano todo. Tão próximo do centro de Belém, é possível visitar uma região ainda pouca conhecida pelos moradores da cidade.

Ananindeua é formada pelo centro nervoso comercial e residencial que se localiza ao redor da rodovia; uma área destinada a ser um grande pólo industrial: o Distrito Industrial; outra área de grande concentração populacional formada pelos conjuntos Cidade Nova, e outras áreas como o Corucambá e Maguari.

A colonização do município se deu de forma esporádica. Os primeiros colonizadores foram os habitantes das margens do rio Maguari, (que antes recebia o nome de Maguary-Açú) importante ponto fluvial do município. Os primeiros moradores vieram de outros municípios e se constituíam de viajantes que passam

Do rio nasce a vida em Ananindeua

O nome do rio Maguari se deve ao pássaro Maguari, ave pernalta de grande porte de cor acinzentada e preta. Os primeiros habitantes deram este nome ao local por causa da constante presença do pássaro naquele rio. O pássaro também está presente no imaginário da população ribeirinha através das lendas e contos populares. A descoberta do município começa pelo Maguari, centro histórico e núcleo pioneiro da cidade. O rio possui cerca de 7 km de curso e corre na direção sul-nordeste. Muito piscoso, ele deságua no rio Benfica. Suas águas se originam principalmente nas águas da baía do Guajará. Foi ao redor do rio que se nasceu o germe do que hoje é um dos grandes municípios do Pará. Os registros históricos mostram que o povoamento do Maguari se deu no século XIX. Foi através do rio que chegaram os primeiros ribeirinhos e foi através dele também que nasceu a primeira indústria que profetizava a vocação econômica do município. Por volta de 1916, dois irmãos ingleses, os Saunders e Davids, se estabeleceram no Maguari e criaram o extinto Curtume Maguary. Os irmãos trouxeram o progresso à região e foram responsáveis pela época áurea do município. A empresa dos irmãos ingleses trouxe o título de Vila do Maguari, uma vila operária padrão onde os empregados e moradores da região desfrutavam das benesses do florescimento econômico. Eles tinham direito a assistência médica, moradias padronizadas construídas pelas empresas, esporte e lazer.

Também no século passado foi criada no Maguari, a primeira escola do município. A quinta Carmita foi construída em um terreno de natureza abundante às margens do Maguary-Açu. Quem mandou construir a escola foi José Marcelino de Oliveira que se estabeleceu na localidade depois de vir do município do Acará. Na Quinta Carmita, os alunos contavam com a formação cristã, idiomas, música, canto, pintura e pirogravura. A escola era direcionada para alunos das famílias tradicionais de Belém. Em 1921 o terreno da escola foi transformado em uma granja onde havia a criação de galinhas, a comercialização do leite e da primeira marca de água mineral do Estado: a água Maguary, extraída da fonte existente no terreno. A área onde existia a Quinta Carmita era constituída por um bosque de árvores frutíferas que ladeava o rio Maguari. O casarão da escola era feito todo em madeira e chamava atenção pela beleza da arquitetura da época. Hoje, o casarão já não existe mais, no local há somente o bosque com árvores centenárias que pode ser visitado com permissão prévia do proprietário.

Por trás do corredor de estrada que corta o centro de Ananindeua e por onde passamos que diariamente no ir e vir da correria da vida urbana, existe uma verdadeira vida bucólica que brota nas margens do rio Maguari. O município possui 13 ilhas de natureza quase intocada que serve como um verdadeiro centro de reprodução de toda diversidade biológica da floresta amazônica. Para se chegar até o rio Maguari, em um de seus inúmeros pequenos portos, é só se dirigir à estrada do Curuçambá e perguntar onde fica o “Porto do Surdo”. Neste local é possível alugar barcos que podem levá-lo a conhecer a região das ilhas, onde é possível entrar em contato direto com a natureza e com o cotidiano da vida dos moradores de um rio amazônico. As ilhas de Ananindeua são quase todas habitadas. São pequenos povoados habitados por homens, mulheres e crianças que vivem na rotina do encher e secar das águas do rio Maguari. Em cada um destes povoados é possível encontrar uma igreja, um campo de futebol, uma pequena escola e muito verde. A estrada do povo ribeirinho é o próprio rio e o seu meio principal de locomoção são as canoas e os “pô-pô-pôs”, que levam e trazem o produtor, o aluno, o professor e o visitante pelos caminhos de rio. Tão próximo da cidade é possível presenciar a harmonia que a natureza construiu através dos igarapés, rios, furos e tijucos. Igarapé Grande, João Pilatos, Maritubinha um e Maritubinha dois e Sorocaba são apenas algumas das ilhas que ficam mais próximas do Porto do Surdo e onde o visitante poderá fazer um passeio muito agradável. A principal fonte de renda dos moradores destas ilhas vem da extração do açaí, da pesca e da produção de hortaliças. A extração do açaí quase perde seu espaço para extração do palmito que foi o responsável pelo desmatamento de grande parte dos açaizais que existiam nestas ilhas. A consciência de que somente uma exploração racional das palmeiras poderia evitar o desaparecimento dos açaizeiros acabou por falar mais alto e hoje é desta forma que acontece a exploração do fruto. Por ser uma das principais atividades extrativistas daquelas comunidades, a exploração do açaí tem seu ápice no mês de novembro, quando a comunidade de Igarapé Grande realiza o seu famoso Festival do Açaí. O festival já está inserido dentro do calendário das atividades turísticas da região das ilhas de Ananindeua. Durante o festival, a comunidade mostra as inúmeras possibilidades da utilização do fruto do açaí. Doces, sucos, bolos, licores e muitas outras iguarias podem ser degustados durante o festival. É na comunidade de Igarapé Grande que acontece também, no segundo domingo de dezembro, o círio de Nossa Senhora das Graças, padroeira da comunidade. Durante as festividades, a imagem da santa é levada, de uma comunidade para outra, em procissão por uma trilha aberta no meio da floresta. Após a procissão acontece a festa que atrai público de todas as ilhas e municípios vizinhos. Um passeio pela região das ilhas de Ananindeua é uma ótima opção de lazer para quem está em Belém e quer conhecer um pouco mais da vida dos municípios vizinhos e da vida ribeirinha que acontece em torno de sua própria cidade. É lindo, econômico e culturalmente enriquecedor para quem se aventura. O passeio todo pode ser feito em apenas um dia.